Abuso sexual

O abuso sexual infantil pode interferir no desenvolvimento psicossexual saudável de uma pessoa, e gerar marcas traumáticas e suas consequências podem influenciar na vulnerabilidade e no desenvolvimento de transtornos mentais na vida adulta.

O que caracteriza um abuso sexual infantil?

O abuso sexual pode ser definido como qualquer contato ou interação entre uma criança ou adolescente e alguém em estágio de desenvolvimento psicossexual mais avançado, de forma que a criança ou adolescente esteja sendo usado para estimulação sexual da pessoa. Além disso, outra característica é quando existe uma diferença de idade e poder em relação aos envolvidos das situações abusivas.

O abuso sexual infantil é uma categoria da violência sexual que é considerada um problema de saúde pública mundial. É um fenômeno complexo, e suas causas são multifatoriais. Cada pessoa que vivenciou experiências sexuais abusivas na infância e na adolescência, podem desenvolver sequelas ao longo da vida em decorrência desses abusos sexuais. Contudo, o abuso sexual não produz as mesmas consequências, pois cada pessoa responde aos estímulos de forma singular.  

Em relação as consequências para a saúde mental, as piores sequelas são influenciadas pelas características do abuso sofrido, e estão relacionadas a gravidade dos comportamentos sexuais; idade em que iniciaram as experiências sexuais; o tempo e a cronicidade dos abusos sofridos; e o vínculo e a relação de confiança entre criança a pessoa que comete os abusos.

No Brasil, crianças e adolescentes foram vítimas em 79% dos casos reportados de abuso sexual no disque 100 em 2022 e o país registra em média 130 casos por dia. Na maior parte das vezes é cometido por familiares ou pessoas próximas à criança. Mesmo com um índice elevado de denúncias, acredita-se que muitos dos acasos ainda sejam subnotificados, pois muitas vítimas não revelam que sofrem abuso sexual, seja por medo de ameaças ou vergonha por se sentir culpada pelo abuso. 

Quais as consequências na vida adulta, dos abusos sexuais sofridos na infância?

Contudo, a violência sexual não produz as mesmas consequências sobre todas as crianças e adolescentes. Cada vítima responde aos estímulos de forma singular. O Abusi sexual pode causar impactos: sexuais, emocionais, psicológicos e fisiológicos,

Essa experiência pode causar danos psicológicos à criança/adolescente e influenciar negativamente no desenvolvimento psíquico, na sexualidade e no comportamento sexual atípico para o desenvolvimento. Os danos podem influenciar na baixa autoestima, medo, culpa, bem como desenvolver quadros de depressão, ansiedade, e gerar confusão e desconfiança quanto aos próprios sentimentos).

Experiência sexual precoce pode desencadear eventos traumáticos que estão relacionados a consequências negativas na vida adulta, tais como: compulsão sexual, aversão sexual, disfunções sexuais, comportamentos sexuais de risco, prostituição e gravidez precoce.

Além disso, percebe-se uma maior vulnerabilidade de problemas de saúde mental em adultos que sofreram abuso sexual na infância, tais como: alteração de humor, depressão e ansiedade; transtorno de estresse pós-traumático; transtorno do controle do impulso; pensamentos e tentativas suicidas.

Quais os tratamentos para adultos que sofreram abuso sexual infantil/adolescência?

Devido às consequências psicológicas complexas e profundas, a psicoterapia é a forma mais indicada para o tratamento dos traumas causados pelo abuso sexual infantil. A psicoterapia deve ser feita com um profissional qualificado na área da sexualidade e traumas para lidar com temas tão sensíveis para o paciente e acolhê-lo corretamente, além de ajudá-lo a encontrar formas de lidar com eles para que possa voltar a ter uma vida sexual saudável e boa saúde mental, fatores fundamentais para uma boa qualidade de vida.

Referência

HABIGZANG, Luísa F. et al. Abuso sexual infantil e dinâmica familiar: aspectos observados em processos jurídicos. Psicologia: teoria e pesquisa, v. 21, p. 341-348, 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ptp/a/RQSFdbchSLM3dbmt4VCjXZS/abstract/?lang=pt. Acesso em 01/03/2023

HABIGZANG, Luísa Fernanda et al. Avaliação psicológica em casos de abuso sexual na infância e adolescência. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 21, p. 338-344, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/prc/a/7pNTLhMQStyTMvjbZCVwCVL/abstract/?lang=pt#. Acesso em 01/05/2023

REIS, Sirlene Caramello dos. Estudo sobre o efeito mediador de sintomas de ansiedade e depressão quanto à gravidade do comportamento sexual compulsivo e hipersexual nos homens que referiram história de abuso sexual na infância/adolescência. 2018. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5160/tde-07112018-130718/en.php. Acesso em 28/04/2023.

“Crianças e adolescentes são 79% das vítimas em denúncias de estupro registradas no Disque 100”, Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, Governo Federal. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2022/junho/criancas-e-adolescentes-sao-79-das-vitimas-em-denuncias-de-estupro-registradas-no-disque-100. Acesso em 01/05/2023